Ultrasensitive quantification of serum IFN-α and IFN-γ in systemic lupus erythematosus: A cross-sectional observational study

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```html Quantificação Ultrasensível de IFN-α e IFN-γ Séricos no Lúpus Eritematoso Sistêmico: Um Estudo Observacional Transversal

Quantificação Ultrasensível de IFN-α e IFN-γ Séricos no Lúpus Eritematoso Sistêmico: Um Estudo Observacional Transversal

Por Miguel Á. González-Gay, Fuensanta Gómez-Bernal, Juan C. Quevedo-Abeledo, Cristina Almeida-Santiago, Elena Heras-Recuero, Arantxa Torres-Roselló, Antonia de Vera-González, Beatriz Tejera-Segura, Enrique García-Barrera, Teresa Blázquez-Sánchez, Luisa M. Villar, Javier Gonzalo Ocejo-Vinyals, Raquel Largo, Iván Ferraz-Amaro

Introdução

O **interferon (IFN)** desempenha um papel central na patogênese do **lúpus eritematoso sistêmico (LES)**, uma doença autoimune caracterizada por inflamação crônica e produção de autoanticorpos. Níveis elevados de IFN-α no soro e expressão de genes de resposta ao interferon são comuns em pacientes com LES, associando-se a aspectos genéticos, imunológicos e clínicos da doença.[2][3] No entanto, a medição desses interferons no soro tem sido limitada por concentrações circulantes muito baixas, abaixo do limiar de detecção de ensaios laboratoriais convencionais.[1] Este estudo utilizou uma técnica ultrasensível para quantificar **IFN-α** e **IFN-γ** séricos, analisando sua relação com características da doença, incluindo atividade, remissão e perfis de autoanticorpos.

Métodos

De uma coorte inicial de 400 pacientes, foram recrutados 313 indivíduos com LES em um estudo transversal realizado entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024. Os pacientes foram caracterizados de forma abrangente, incluindo perfis de autoanticorpos e índices de atividade da doença (**SLE-DAS**, **SLEDAI-2K**, **LLDAS**), dano (**SLICC-DI**) e remissão (**DORIS**). Os níveis séricos de IFN-α e IFN-γ foram medidos pela técnica **Simoa (Single Molecule Array)**, um método ultrasensível.[2] Realizou-se análise de regressão linear multivariável para avaliar associações entre características da doença e níveis de IFNs como variáveis dependentes. Além disso, a capacidade diagnóstica dos níveis de IFN para discriminar alta versus baixa atividade da doença foi avaliada por análise da área sob a curva (AUC) e determinação de pontos de corte ótimos.

Resultados Principais

Os níveis séricos de **IFN-α** e **IFN-γ** apresentaram correlação significativa, embora fraca (coeficiente de Pearson r = 0,369, p < 0,001). Ambas as citocinas mostraram associações mínimas com características demográficas (idade, sexo, IMC) e fatores de risco cardiovascular tradicionais (hipertensão, diabetes, dislipidemia, tabagismo, obesidade, síndrome metabólica).[1]

Após ajuste multivariável, o **IFN-α** – mas não o IFN-γ – associou-se positivamente e de forma significativa a:

  • Reactantes de fase aguda (**proteína C-reativa** e **interleucina-6**).
  • Índices de atividade da doença: **SLEDAI-2K** (β = 0,20 [IC95% 0,09-0,32] log pg/ml, p < 0,001) e **SLE-DAS** (β = 0,15 [IC95% 0,05-0,25] log pg/ml, p = 0,003).
  • Presença de **anticorpos antinucleares (ANA)**.

Em contraste, **remissão (DORIS)** e **baixa atividade da doença (LLDAS)** associaram-se negativamente aos níveis de IFN-α após ajuste por covariáveis. No entanto, tentativas de definir valores de corte para IFNs discriminarem doença ativa de inativa ou remissão revelaram equilíbrio pobre entre sensibilidade e especificidade.[2][3]

Discussão e Implicações

Esses achados reforçam o papel do **IFN-α** como ponte entre risco genético e manifestações fenotípicas no LES, influenciando a ativação imune via receptores Toll-like (TLR7) e supressão de células T reguladoras.[2][3] Autoanticorpos associados ao LES, como anti-Sm e anti-Ro, estimulam a produção de IFN-α, criando um ciclo pró-inflamatório.[2] Embora o IFN-γ mostre alguma correlação, sua associação com atividade da doença é menos robusta, alinhando-se a evidências prévias de expressão gênica regulada por IFN-γ em subgrupos de pacientes.[5]

**Limitações**: O desenho transversal impede inferências causais, e os níveis baixos de IFNs demandam técnicas ultrasensíveis como Simoa, não amplamente disponíveis. Estudos longitudinais são necessários para validar esses biomarcadores prognósticos.[1][7]

Em resumo, a quantificação ultrasensível de IFN-α destaca sua associação com atividade do LES, sugerindo potencial como alvo terapêutico, embora com limitações diagnósticas atuais.[3][4]

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